segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Aprendizagem

 

Aprendizagem



Abraços e pernas dançam no ar
e ao mesmo tempo vibram
rente ao chão.

Assombro
gana
frisson.
Onde fazer a senha?
Em quais números pensar?

A vida inteira para sorrir
chorar ou relembrar
a ânsia de tudo viver

[como tentar?]


Eliana Mora, 2020

sábado, 19 de setembro de 2020

Pedido à deusa Vida

 

Pedido à deusa Vida



Minha luz diáfana
minha flor dourada

ouvem meu grito
Leva-me dentro de ti
ó deusa Vida
que tanto brilho tens

 Coloca-me dentro
dos sons
como num concerto
de Rachmaninoff
alerta-me, 
sim

Rouba meus anseios
para que eu não me sufoque!
deixa-me vencer os arroubos
que o gênio me dá
me eleva
me desvenda

Depois que tudo passar
inclina-se sobre mim
ó máe
para recolocar-me num lugar
onde mereço estar
[que é meu]

Olha-me
sorri para mim, ó Vida
deixa-me ver o belo
a profundidade mais sensível
do mais invisível
dos sons

Serei feliz assim.


Eliana Mora, agosto, 2020



segunda-feira, 29 de junho de 2020

A Nave Perfeita


A Nave perfeita


Ali
na montanha mais alta
ela pousou
quase um 'quê' de filme
Algo que já está em nosso imaginário
despertou


Ali
a nave
e eu a olhá-la
sem saber como não fantasiar
imaginar

O que me olhava?

Mas vi.
Era um homem
que se mostrou para mim
em sua beleza atômica
vasto cabelo castanho
olhar delicado

pele suave
lábios bem desenhados...

Esqueci de tudo
voamos para onde não sei
então vi
apenas um salão de baile
aceitei esse par meio invisível
que me abraçou
dançamos
[nunca mais imaginara dançar assim]


Renasci ali 
naquela nave
junto com o nascimento

de um amor



Eliana Mora, abril/2018

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Narciso e a xícara de Chá


Narciso e a xícara de chá

Olhava para a xícara de chá
em minhas mãos
senti um delicado odor de folha
cheguei a me assustar
com a face que estava ali
a me olhar


como se minha face
[meio Narciso às avessas]
só se visse nesse rosto
em meu lugar


Eliana Mora, sem data

terça-feira, 26 de maio de 2020

Um quase vir a ser




Um quase vir a ser



A vela ainda acesa
os sonhos [cartas na mesa]
e porquê essas palavras não fazem sentido agora?

Talvez o próprio caminhar de ontem
que se fundiu em luta e poesia
acabou por ver-se agora
como parte cruel de um dia

quase fogo
pintado à mão
cheio de níveis
perdas e ganhos
demoras
ausências
enganos

[a vida no vir a ser]




Eliana Mora, 30/04/2020

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Quase

Quase


irmã do meu sol
é esta quase lua
pequena
fraco brilhar
porém a se saber
talvez
como jamais pudera ser
de si
o outro lado
negro
claro
a se fundir com o céu
nessa fria noite
de maio:
da vida
o ensaio



Eliana Mora, 13/05/2016

terça-feira, 21 de abril de 2020

Mistérios do Mar


Mistérios do Mar


Nasceu
ainda que não soubesse
de que estrela

Nasceu
abriu-se para o mundo
enquanto o mundo dançava
em torno dela

Nasceu em minha porta

e partiu 
em direção ao mar
â grande aventura de cortar oceanos

Perdeu-se.


Dela ninguém mais tem

notícias


Eliana Mora, 2020

Aprendizagem

  Aprendizagem Abraços e pernas dançam no ar e ao mesmo tempo vibram rente ao chão. Assombro...