terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Enquanto lábios precisam cerrar-se


Enquanto lábios precisam cerrar-se


pelos cantos
vários lances de escada a se espalhar
somem as luas
trocam-se sóis por casacos, sais e bruma
enchem-se sacos de telhas
[a casa a ruir]

porém em todo o tempo
ou a cada madrugada sem espera
vez por outra vem um cálido sereno
bolhas de desejo no ar
fragmentos de canção a escorrer da memória
que, pouco a pouco, tornam às gavetas bem classificadas
[por ordem não se sabe bem de quem
timidamente
por entre ossos e veias
recomeça a ganhar corpo uma certa autoridade
sem muita explicação
apenas porque dela precisamos para que
neste momento
nada nos faça de novo colocar a vida em dúvida
ou apenas
para que nos venha um algo a mais 
de complacência
[até nossa loucura voltar.


Eliana Mora, 13/12/2011

2 comentários:

  1. "somem as luas
    trocam-se sóis por casacos, sais e bruma
    enchem-se sacos de telhas
    [a casa a ruir]"
    Lindo, Eliana" Bjs

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  2. Obrigada, agradeço - por detrás dos teus véus.

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Minha poesia agradece.

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